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O lançamento da Chang’e 6

O objetivo da missão Chang’e 6 é coletar as primeiras amostras no lado escuro da Lua, e trazê-las para a Terra.

Fonte: Space News (Traduzido para o Português)

O foguete Longa Marcha 5, de 57 metros de altura, decolou do Centro de Lançamento de Satélites de Wenchang, às 17:30 hs no horário local, no dia 3 de Maio, transportando 8.200 kg para a órbita.

Se a missão for bem sucedida, as amostras trazidas pela missão de 53 dias pode mudar o nosso entendimento da Terra, da Lua e da história do Sistema Solar.

A Chang’e 6 consiste em um conjunto de 4 espaçonaves que farão tarefas específicas. O orbitador levará a missão para a órbita lunar. A partir daí, o módulo de pouso vai se separar e pousar dentro da cratera Apollo, no lado escuro da Lua. Como o lado escuro não é visível da Terra, devido ao nosso planeta reduzir a rotação da Lua, gerando o travamento de maré, um satélite de retransmissão de comunicações é requerido para fornecer comunicações entre a Terra e o lado escuro lunar. Para isto, a China lançou o Queqiao-2 em Março, em uma órbita lunar especializada.

Ao pousar, o módulo de pouso coletará 2000 gramas de amostra lunar com uma furadeira, descendo a profundidade de 2 metros. As amostras serão levadas a um veículo ascendente, que será lançado de volta para a órbita lunar para um encontro e acoplamento cuidadosamente coreografados e desafiadores com o orbitador.

Em seguida, as amostras serão transferidas para uma cápsula de reentrada. O ascensor será alijado e o orbitador preparará o retorno para a Terra. A cápsula de reentrada será lançada antes de chegar à Terra e saltará da atmosfera do planeta. Isto ajudará na desaceleração antes de um mergulho final e ardente, e um pouso na Mongólia Interior.

O diagrama da missão CHang'e 6
O diagrama da missão Chang’e 6. Clique na imagem para ampliá-la. Fonte: Space.com.

A missão é um backup reaproveitado da missão de retorno de amostra da Chang’e 5 de 2020. Esta coletou com sucesso as amostras mais novas do lado próximo da Lua e também se baseou na Chang’e 4, que colocou um módulo de pouso e um rover no lado escuro da Lua, em 2019.

A cratera Apollo está na bacia do Polo Sul-Aitken (SPA Basin), uma gigante e antiga bacia de impacto no outro lado lunar. Onde acredita-se ter pistas sobre uma série de mistérios lunares, fazendo com que valha a pena o custo adicional de complexidade ao colocar um satélite de retransmissão.

Mapa mostrando onde a Chang'e 6 pousará.
O mapa do lado escuro da Lua. A Chang’e 6 pousará dentro do retângulo vermelho. A imagem é da mesma fonte da notícia.

Além de coletar amostras, o módulo de pouso da Chang’e 6 carrega uma câmera de pouso, uma câmera panorâmica para obter imagens do ambiente ao redor e um radar de penetração do solo, para fornecer informações abaixo da superfície lunar. Também transporta um espectrômetro mineral lunar, para avaliar a composição da superfície. Espera-se que a espaçonave implante uma bandeira nacional da China, como fez o módulo de pouso Chang’e 5.

A missão também transporta instrumentos científicos internacionais da França, Suécia, Itália e um nanosatélite cubesat do Paquistão. As colaborações refletem o esforço chinês de aumentar a cooperação internacional na exploração espacial.

A França forneceu o instrumento Detecção de Liberação de Radônio (DORN), que detectará liberação de Radônio na crosta lunar. A Suécia, com o apoio da ESA, vai contribuir com o medidor de Íons Negativos na Superfície Lunar (NILS). Um retrorrefletor laser passivo italiano também está a bordo. O ICUBE-Q de 7 kg é uma colaboração entre a Agência Espacial Nacional do Paquistão, a SUPARCO e a Universidade Jiao Tong de Shangai.

As missões Chang’e 7 e Chang’e 8 serão lançadas em 2026 e 2028, respectivamente.

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